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O Tan tui é uma série de exercícios de condicionamento físico e curricular executados pela maioria dos estilos de Kung Fu. Possui pelo menos 12 katis que são utilizados dentro de diversos outros estilos como forma de fortalecimento de membros inferiores devido a sua postura extremamente baixa e forte. Cada estilo adaptou o Tan tui as suas próprias necessidades. Muitas vezes fica difícil discernir os seus movimentos em meio aos exercícios de aquecimento característicos de cada estilo.
Chegou a China através dos muçulmanos para as regiões de pântanos e de plantação de arroz, sendo portanto muito praticado por agricultores que, sempre ao final dos trabalhos na lavoura, treinavam durante o trajeto de volta para casa. O Tan tui, todavia faz grande uso da respiração e de movimentos de braços. Suas qualidades únicas no desenvolvimento do corpo como um todo lhe favoreceram até mesmo a inclusão na grade curricular das escolas tradicionais chinesas, através de uma variação com 10 movimentos, menos marcial e mais terapêutico, voltado para a educação física. Ao ser praticado dessa forma, o Tan tui desenvolve não apenas o fortalecimento das pernas e do corpo, mas a mente também. E isso é o mais importante nas artes marciais chinesas.
O estilo não possui grandes acrobacias e saltos, caracteriza-se pela repetição de uma pequena seqüência de movimentos, socos, chutes e rasteiras executados para ambos os lados. Os chutes fortes e baixos são a principal característica deste estilo, e por ter sido treinado/desenvolvido em regiões de rios e pântanos daí o surge seu nome: Tan Tui (Pés na Lagoa).
O Tantui possui suas raízes no Nordeste da China, em território ocupado principalmente por muçulmanos (Henan, Hebei, Shandong e Shaanxi). Conta-se que seu criador original seria Cha Shangyi (ou Chamir) (1568-1644 d.C.), membro da etnia Hui (muçulmana). Diz-se que ele se alistou no exército, que procurava homens para combater os piratas japoneses em Fujian e Zhejiang, na costa Leste da China. Para chegar até lá a tropa teve que caminhar por montanhas escarpadas e pântanos, ao fim dos quais a maioria estava doente. Já no Leste, Chamir foi tratado por simpáticos aldeões por vários meses. Ao final do tratamento, já restabelecido, ele se perguntou o que poderia fazer para retribuir tanta hospitalidade. Resolveu ensinar seu método de combate próprio e foi assim que o Tantui começou a se espalhar pela China.
Acredita-se que originalmente o Tantui tivesse 28 movimentos, ordenado segundo as letras do alfabeto árabe. Depois foi abreviado para 10 e remanejados para 12 já em Shaolin, com ênfase nas pernas. Os monges tornaram esse estilo um método de exercícios obrigatório para todo estudante de Kung Fu.
Os manuais modernos da China colocam o Tantui como pertencente ao grupo de Chang Quan (Punho Longo), comum no Norte da China e muito famoso. O nome Chang Quan se tornou referência de Estilo do Norte, sendo que todos são assim chamados, genericamente. A simplificação para 10 movimentos foi feita pela Comissão de Cultura e Esportes da China, após a revolução de 1949. Essa comissão é a mesma que criou as rotinas de Wushu. Depois de simplificado, o Tantui foi incluído nas escolas chinesas e difundido por todo o país como método de educação física.
Como toda atividade destinada a desenvolver o físico, o Tantui deve ser praticado de forma energética. Sua prática constante possui os seguintes benefícios principais:
- melhora da postura
- aumento da concentração
- fortalecimento das pernas
- melhora da respiração
- melhor movimentação de conjunto (tronco, pernas e braços como um só).
O Tantui não é um mero exercício para as pernas, como muitos acreditam. É um exercício para todo o corpo, que deve ser feito sempre com o indivíduo concentrado e centrado, ciente de cada parte de seu corpo e movendo-se como um bloco único.
Ao ser praticado dessa forma, o Tantui desenvolve não apenas o corpo, mas a mente também. E isso é o mais importante nas artes marciais chinesas.
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